Não sei exatamente seu nome, vou chamar de menina das estrelas. Seus olhos azuis reluziam, sua pele branca quase brilhava com a luz néon. Longos cabelos castanhos, quase loiros, corriam embaraçando-se pelas suas costas. Não estava vestida como as outras. Era só uma blusinha e uma saia e um chinelo.
Bolei milhares de frases para a aproximação, nenhuma boa o suficiente para me fazer ganhar aqueles olhos. Optei pelo mais simples. Oi. Oi. Como você chama? Eu queria muito dar para você. Em um segundo acabou o romance, virou tesão. Como tudo mais naquele lugar.
Cada vez que abriam o box do banheiro, saia um casal. As vezes um trio ou um quarteto. Aquilo não me espantava mais, nem me excitava. Na maioria das vezes estavam somente enchendo o nariz de farinha.
Entramos em um box. Peguei-a pelos cabelos, coloquei os dentes no seu pescoço, a mão entre suas pernas. A Saia subiu, se tornou um cinto.
Espera - ela disse – Só dou para você se me deixar dar um tiro. Que? Cocaína – ela completou.
Olhei com cara de poucos amigos e disse - Não tenho. Então não dou, afirmou. Então não dá. E se foi.
Eu fiquei, lentamente tirei um pequeno pedaço de papel do bolso, abri. Despejei sobre minha carteira, mas não muito. Organizei com um cartão de loja. Esporte Fabiano – O Shopping do esporte. Enrolei o próprio cartão. Cheirei.
Entrou como uma bala, como se estivesse rasgando toda a pele do nariz. Efeito instantâneo. Coração acelerado, pernas moles, olhos lacrimejando. Esse é do bom, pensei, mulher alguma vale isso. E fui atrás de outra.
quinta-feira, 20 de dezembro de 2007
terça-feira, 18 de dezembro de 2007
Junkie
by Mari
Seus cabelos jogavam-se numa poça do banheiro com paredes avermelhadas. A pia ficava longe de seus olhos. Embaçado. Molhado. Ardendo. Suas pernas enroscavam-se no vaso e penduravam-se no cesto de lixo. Imundo.
Suas mãos secavam seu rosto banhado de suor. Não sentia dores, não sentia nada, mas angústia. Uma dor de dentro para fora. A dor que a levara a enfiar a seringa no braço esquerdo, empurrar o embolo e jogar nas suas veias aquela loucura líquida.
Os olhos seguiam as sombras que dançavam pelo vão da porta, trancada. Forçava o corpo a se equilibrar sobre as duas pernas anestesiadas. Seu rosto no espelho era outro. Seus olhos vidrados e fundos tentavam reconhecer o rosto que se contorcia em espasmos.
Jogou a colher, a seringa, seu elástico gasto e vencido e o resto do que a salvaria mais tarde numa sacola de plástico e girou a chave na fechadura da porta.
Um copo de vodka com gelo e limão. Os gomos explodiam entre os dentes apertados pela língua no céu da boca. As luzes explodiam em todos os rostos que olhavam o dela, espantado, olhos quase pulando a face em busca de todas as imagens que dançavam cinzentas no canto de seus olhos.
Abriu os olhos em um sofá qualquer que não reconhecia. Estava com o vestido na cintura e sua bolsa, aberta, no chão. Enfiou a mão no crochê maltratado e não encontrou a seringa e o papel. Correu até o banheiro e um homem jogado nos azulejos azuis tinha a seringa presa no braço esquerdo. Os olhos dele a procuravam e os dela choravam.
Seus cabelos jogavam-se numa poça do banheiro com paredes avermelhadas. A pia ficava longe de seus olhos. Embaçado. Molhado. Ardendo. Suas pernas enroscavam-se no vaso e penduravam-se no cesto de lixo. Imundo.
Suas mãos secavam seu rosto banhado de suor. Não sentia dores, não sentia nada, mas angústia. Uma dor de dentro para fora. A dor que a levara a enfiar a seringa no braço esquerdo, empurrar o embolo e jogar nas suas veias aquela loucura líquida.
Os olhos seguiam as sombras que dançavam pelo vão da porta, trancada. Forçava o corpo a se equilibrar sobre as duas pernas anestesiadas. Seu rosto no espelho era outro. Seus olhos vidrados e fundos tentavam reconhecer o rosto que se contorcia em espasmos.
Jogou a colher, a seringa, seu elástico gasto e vencido e o resto do que a salvaria mais tarde numa sacola de plástico e girou a chave na fechadura da porta.
Um copo de vodka com gelo e limão. Os gomos explodiam entre os dentes apertados pela língua no céu da boca. As luzes explodiam em todos os rostos que olhavam o dela, espantado, olhos quase pulando a face em busca de todas as imagens que dançavam cinzentas no canto de seus olhos.
Abriu os olhos em um sofá qualquer que não reconhecia. Estava com o vestido na cintura e sua bolsa, aberta, no chão. Enfiou a mão no crochê maltratado e não encontrou a seringa e o papel. Correu até o banheiro e um homem jogado nos azulejos azuis tinha a seringa presa no braço esquerdo. Os olhos dele a procuravam e os dela choravam.
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